Em um mundo cada vez mais corrido, mais rápido, com mais informações sendo bombardeadas em nossos olhos e ouvidos, cada dia mais estamos presos em rotinas puxadas e estressantes. Entre os maiores fardos que podemos carregar estão nossos trabalhos e empregos. A rotina, mesmo que necessária, nos exige cada vez mais.
Enquanto algumas pessoas podem ter o privilégio de escolher com o que vão trabalhar, a maioria tem que acordar muito cedo, pegar um transporte público lotado e trabalhar o dia inteiro em um emprego que nada tem a ver com seus gostos e aptidões. Uma rotina assim certamente não faz bem para ninguém, mas infelizmente é o que a maioria de nós precisa fazer. Afinal, existem contas para serem pagas e alguém precisa colocar o pão na mesa todos os dias.
Mas agora, eu te pergunto o seguinte: você anda estressado com o trabalho? Tem passado por uma certa ansiedade, um desânimo na hora de acordar e, de vez em quando, tem uma sensação de esgotamento total, como se nenhuma energia restasse em seu corpo? Fique atento, pois isso pode estar associado à Síndrome de Burnout, ou, como pode ser chamada, a síndrome de esgotamento profissional.
Esse é um assunto muito sério e você pode estar passando por uma fase inicial, ou até avançada, dessa síndrome e ainda não se deu conta. Não saia daí, ok?
O termo Burnout é uma palavra de origem inglesa que está relacionada à ideia de algo parando de funcionar devido à falta de energia — algo como a “queima” ou “esgotamento”. Este distúrbio é caracterizado principalmente como emocional e pode ser confundido com outros problemas igualmente sérios, como o transtorno de ansiedade generalizada ou crises de pânico.
Normalmente, esse distúrbio é mais associado, mas de maneira nenhuma exclusivo, de profissionais que enfrentam grande competitividade e rotinas intensas, como jornalistas, professores, policiais, bombeiros e médicos. Contudo, a síndrome de Burnout não é exclusiva dessas profissões.
De acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), os afastamentos de trabalho por Burnout aumentaram quase 1% ao longo de uma década. Em 2023, 421 brasileiros foram afastados do trabalho por Burnout, o maior número dos últimos 10 anos.
A pandemia de COVID-19 teve um impacto significativo na saúde mental das pessoas. Segundo a Organização Panamericana de Saúde, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25% no primeiro ano da pandemia. Esse aumento de estresse e ansiedade está diretamente relacionado à alta de casos de Burnout.
O reconhecimento da OMS de que o Burnout é uma síndrome ocupacional foi um fator importante para aumentar a conscientização sobre o problema. Além disso, um aumento nas cobranças sobre os trabalhadores, somado à maior exigência e competitividade no mercado de trabalho, intensificou a pressão sobre a população trabalhadora.
Hoje, o Burnout é mais reconhecido do que nunca, e esse avanço no diagnóstico também é reflexo de maior acesso à informação. Porém, o aumento de diagnósticos também se deve ao fato de que muitos trabalhadores enfrentam níveis elevados de cobrança e competitividade no ambiente de trabalho, o que leva ao aumento do estresse.
O aumento dos diagnósticos de Burnout pode ser explicado por três fatores principais:
1.
Maior Acesso à Informação: As pessoas agora têm mais acesso à informação e ao reconhecimento formal de síndromes relacionadas ao trabalho.
2.
Aumento da Cobrança Organizacional: A pressão dentro das empresas tem aumentado, com mais exigência e competitividade no mercado de trabalho.
3.
Dificuldade de Diagnóstico: Muitas vezes, as pessoas que estão passando por Burnout são diagnosticadas erroneamente com outros transtornos, como ansiedade ou pânico.
A pandemia também foi um gatilho para o aumento dos casos de Burnout, pois muitas pessoas foram forçadas a adaptar-se rapidamente ao trabalho remoto, com poucos recursos para tal. Esse estresse gerado pela adaptação rápida e sem preparo contribuiu para o aumento dos sintomas de Burnout.
Além disso, um fenômeno pós-pandemia chamado de quiet quitting (demissão silenciosa) levou muitos jovens altamente escolarizados a pedir demissão de seus empregos devido à exaustão.
Agora que falamos sobre as causas, é importante saber identificar os sintomas de Burnout, que podem se apresentar de várias formas. Para ser diagnosticado com Burnout, o paciente deve apresentar ao menos um dos seguintes pontos:
1.
Exaustão Emocional: O trabalhador sente que não tem mais energia para enfrentar suas tarefas e nem mesmo a jornada de trabalho.
2.
Despersonalização: Perda de sentimentos em relação aos colegas de trabalho e aos clientes. A pessoa começa a ver os outros como “objetos” em vez de pessoas.
3.
Redução da Realização Profissional: Sentimentos de incompetência e baixa autoestima em relação ao próprio trabalho.
Os sintomas podem ser classificados em:
-
Físicos: Fadiga persistente, insônia, dores musculares, cefaleia, sintomas gastrointestinais e alterações no apetite.
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Cognitivos: Dificuldade de concentração, lapsos de memória e sensação de estafa mental.
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Emocionais: Depressão, irritabilidade, desânimo, perda de interesse por atividades antes prazerosas, e aumento de sintomas ansiosos.
O Burnout tem tratamento! Não se desespere. O primeiro passo é procurar ajuda profissional, como psicólogos e psiquiatras. O tratamento pode incluir:
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Terapia: Terapia individualizada, para trabalhar os aspectos emocionais e comportamentais.
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Medicação: Em alguns casos, pode ser necessário o uso de medicamentos ansiolíticos ou antidepressivos.
-
Mudança no Estilo de Vida: Praticar exercícios físicos, ter um bom sono e buscar atividades de lazer são fundamentais no processo de recuperação.
As empresas também têm um papel fundamental na prevenção do Burnout. Mudanças na cultura organizacional, como a redução da pressão sobre os funcionários, metas mais equilibradas e um foco maior no bem-estar coletivo, podem ajudar a evitar o esgotamento dos colaboradores.
O Burnout não é uma “frescura” nem algo que deve ser ignorado. Ele pode ter um impacto profundo na saúde mental e física das pessoas. Portanto, se você está se identificando com esses sintomas, procure ajuda profissional. Se você conhece alguém que está passando por isso, seja empático e busque apoiar essa pessoa a procurar ajuda.
Cuidar da saúde mental nunca foi tão importante. Não deixe que o estresse e a sobrecarga do trabalho se tornem um obstáculo intransponível para sua vida e bem-estar.
Eu também publiquei este material no Linkedin, pois acho ser interessante para algumas pessoas.
Referências:
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BBC News Brasil
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Organização Mundial da Saúde
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Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)
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